segunda-feira, 1 de maio de 2017

VISITÁMOS O MAAT


Já sem as longas filas de há meses atrás, depois de apreciarmos gostosamente o ambiente à volta e por cima do Museu, com belas vistas sobre a cidade e o rio, lá entrámos no novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, criado e dirigido pela Fundação EDP, ao Restelo.
Confesso que fiquei com alguma decepção, que foi crescendo à medida que ia percorrendo os espaços. Ao princípio, dominava a UTOPIA, numa referência à ilha de Tomás More onde tudo era harmonia, convivência pacífica e felicidade. Mas logo ali, os textos iam já falando de DISTOPIA, uma palavra nova que parece dominar o nosso mundo.
 Somos uns seres insatisfeitos, sempre na ânsia de mais e melhor. E as tecnologias têm-nos levado a acreditar num futuro mais ideal. Mas depois, o que vimos é destruição – Ruins of Modernity – e os maiores progressos vêm acompanhados de uma crescente poluição, como naquele vídeo em que o passeio por imaginárias cidades era feito no meio de papéis, poeira e lixo a voar por entre as construções.
Chocou-me ver logo na primeira sala uma cadeira feita de espingardas, mesmo que esta função seja mais aceitável que andar por aí a matar pessoas e animais. Os vários projectos apresentados sugerem-me todos ambientes irreais, onde não apetece viver, por mais que a tecnologia avance.
Não sei se esta amostra de propostas tecnológicas está a condizer com as crises sociais e políticas que se avolumam. Mas, sabem o que me apeteceu pensar? – É melhor fugir destas metrópoles megalómanas e viver longe, num simplismo despreocupado. Será por aí que a arquitectura nos quer levar?
À saída, ao menos pudemos rir-nos com uma geringonça puxada por oito ciclistas. É obra!


António Henriques